domingo, 19 de junho de 2011

Conto...

A uns dias eu e o desocupados mais inteligentes do mundo, discutíamos o que seria pior pra um pai de uma adolescente. As características em linhas gerais são as que seguem abaixo, tendo como personagem da trama este desprezível ser que vos escreve:

"Senhor e senhora X acordaram cedo no domingo. Aos domingos sempre iam á cidade visitar sua filha, estudante de direito, que morava em um sobrado de bom padrão em um bairro chique.
Senhor X dirigia seu potente SUV pela estrada tranquilamente, sorria, ouvindo sucessos internacionais no bom sistema de som do carro.
Trabalhara muito para chegar até ali, e estava feliz. Continuava trabalhando, o trabalho com cobranças cada vez maiores, mas era divertido.
Tinha uns colegas que não valiam nada, mas, isso são coisas da vida, acontecem em qualquer trabalho.
A filha morava na cidade a poucos meses, ele achara um absurdo uma garota de 19 anos morar sozinha, pior, num lugar onde não pagaria aluguel e, como não pagava também a universidade, com dinheiro suficiente para gastar como bem entendesse.
Mas a senhora X o convencera, disse que era bom ela ter independência, que hoje em dia nenhuma garota da sua idade dava satisfação aos pais, que ela não era mais a “menininha do papai”, mas, aos 19 já era uma mulher decidida, que merecia esse voto de confiança.
Bom, todo aquele blá,blá,blá, e o sobrado apareceu em um negócio, por quê não matar dois coelhos com uma cajadada só?
Se perdia o valor de um aluguel naquela região cara da cidade, mas, enfim, contentava-se a gregos e troianos.
Além do mais, não se perdia o controle totalmente, pois religiosamente aos domingos eles iam almoçar em sua casa.
Não iam muito cedo, ela dizia que sempre estudava até tarde aos sábados, que esse era o único dia que lhe sobrava, pois durante a semana trabalhava e tinha as aulas. Claro que não era bem assim, sábado era o dia em que ela aproveitava pra sair, mas tudo bem, ela fingia que eles acreditavam e eles fingiam que não sabiam.
E tudo estava bem assim, aos domingos, quando chegavam, lá pelas 8, ela sempre estava dormindo, as vezes havia alguma amiga por ali também, mas nada de namorados, nada de álcool, tudo tranqüilo.
Senhor X estacionou o carro na calçada em frente, havia poucos carros na rua, tudo tranqüilo. Desceram, passou pela traseira do carro, olhou o entorno e, parou, retornou o olhar, hum, aquele carro branco ali, o pára-choque arranhado no lado direito, meio sujo... Não, é igual a tantos outros.  Vamos lá.
Senhora X abriu a porta, como sempre, foi até a cozinha deixar as sacolas e ele foi para a sala, hum, havia uma blusa sobre o sofá, atirada a um canto.
“-Ela esqueceu...”, pensou, mas, ao pegar o agasalho, notou que era masculino e não o contrário.
Tudo bem, tudo bem, nada demais.
Seguiu sua inspeção e, agora sim, opa, alerta, a peça de roupa parecia um vestido que a filha costumava usar para sair. Jogado também a um canto este sim causava preocupação. Recolheu a peça e seguiu.
O banheiro ainda molhado denunciava o banho recém tomado, o vapor denunciava as pegadas de quem passara por ali.
E haviam três pés.
Dois menores, femininos, e um maior, um pé direito, masculino. Ao lado duas marcas estranhas, pequenos círculos concêntricos...
Seguiu caminhando em direção ao quarto dela, espiou através da fresta e dois corpos eram denunciados pelo formato das cobertas.
Abriu a porta e entrou, ao chegar próximo á cama, viu algo que não pôde acreditar, as duas muletas ao lado da cama, junto ao All Star velho.
Não agüentou e gritou, horrorizado:

“- NÃO, O SEM PERNA NÃÃÃOOOOOOOOOOOOOO...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário