quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ouro de tolo...

As vezes me sinto muito velho, sério, uma alma muito velha, quem sabe, talvez seja, muitas vezes tenho a sensação de ter vivido as mesmas coisas milhares de vezes.
É estranho, você vai a um lugar novo, ou faz algo que nunca fez e, de repente, bate uma sensação de reconhecimento, tipo, "que legal, show, só que, sabe, acho que já fiz isso e, agora, parece que não tem a menor graça...".
Talvez eu ande um pouco amargo, ou nostálgico, não sei ao certo, minha vida teve um recomeço a uns anos e as vezes acho que talvez esteja levando ela para o buraco novamente, que talvez não esteja aproveitando a oportunidade do recomeço como deveria.
Ou esteja deixando a corrente me levar demais, quem sabe esteja na hora de alongar os braços, respirar fundo e voltar a remar contra a correnteza, rio acima, e achar um novo lugar pra descansar á sombra.
Fui a um casamento a uns dias atrás. Muito bonito. Os noivos são meus amigos. Entre os convidados, muitos amigos também.
Espero que sejam felizes, que tenham sucesso, que fiquem bem.
Mas...
Odeio casamentos. Odeio. Me deixam tão triste. Talvez seja por isso que eu ande tão acabrunhado. Tenho a mania de tentar enxergar o futuro, de ver o que acontece á frente e, não gosto de pensar no futuro dos casamentos. Por mais que tente, vejo futuros tristes, é minha imaginação, ou talvez, já tenha visto casamentos demais, ou, ter visto demais, casamentos que não deram certo...
Well, chega das lamentações desse cara rabujento que estou hoje. O fim do ano está aí e dias melhores virão.
Eu acho.

Ouro de Tolo
Raul Seixas

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre carros e bolas de fogo...

Tava lendo a uns dias atrás que um carro tem de ser forte o suficiente para que seu motorista morra numa bola de fogo.
Acho que o cara está certo...

120...150...200 Km Por Hora
Erasmo Carlos

As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa, o tempo passa
Estou a 130
As imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado, do meu mundo assombrado
De tristeza, de incerteza
Estou a 140
Fugindo de você

Eu vou voando pela vida sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo nem me fazer voltar
Vivo, fugindo, sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum

O ponteiro marca 150
Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima Que começa a rolar no meu rosto
Estou a 160
Vou acender os faróis, já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão
A 180
Estou fugindo de você
Eu vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação
De ver você a meu lado
O banco está vazio
Estou só a 200 por hora
Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada

Vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes, às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

Eu vou, vou voando pela vida
Sem querer chegar

domingo, 5 de dezembro de 2010

Mochileira

Mochileira
Almir Sater

Mochileira deite comigo essa noite
E conte aquela boa velha história
De como as noites são claras em Machu Pichu
E os dias dourados na Califórnia

Moça eu não vou precisar ler na sua mão
Pra saber que você não vai voltar
Pra vida maluca das pessoas
Do mundo
Das formigas tentando se esconder da chuva

Dance mochileira que eu toco a guitarra

Pedro saiu numa barca pro Nepal
Vera estava em Amsterdã
Porque não fazer algo mais divertido que casar com executivos
E acabar achando excitante
A reunião semanal da confraria dos amantes
Das delícias da boa velha tecnocracia

Dance mochileira que eu toco a guitarra

Moça eu sei que não é legal
Ficar sozinha quando o velho medo vem
E essa noite em Cuzco é tão fria
Me passe a garrafa de vinho
Sim, eu posso ver
Que os tempos tem sido maus com você

Mas os Deuses eles sabem
Que valeu a pena segurar essa barra
Moça o céu é seu amigo
Enquando durar essa farra
E depois você é mesmo
Do tipo de cigarra
Que canta na chuva

Dance mochileira que eu toco a guitarra.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Anoitecer nas Terras Devastadas...

O dono do bar jazia no chão com os joelhos feridos e sangrando, enquanto o forasteiro devolvia os revólveres aos coldres, com a voz trêmula ele disse:
-Por quê fez isso senhor, eu não o conheço, nunca lhe fiz mal, só tentei defender meu bar, pois pensei ser um assalto.
O forasteiro sem alterar o passo, enquanto se dirigia para as velhas portas de vai-e-vem, respondeu:
-Você está vivo, considere isso um elogio...
O homem atravessou as portas e caminhou tranquilamente pela calçada, enquanto os curiosos começavam a chegar para ver os estragos, sem suspeitar que o tiroteio acabara deixando oito mortos e o dono do bar ferido.
Enfiou a mão no bolso, puxou e consultou o velho relógio dourado, recordação de outras histórias de amor e morte vividas naquela terra seca e feia.
Não queria que as coisas tivessem chegado naquele ponto, sequer era um acerto de contas, apenas chegou ao bar e pediu ao velho atrás do balcão pelo ferreiro mais próximo, pois seu cavalo precisava de novas ferraduras, mas o tiro que passou raspando em sua cabeça e quebrou o espelho do bar acabou selando alguns destinos naquela noite...
O forasteiro seguiu caminhando tranquilamente pela rua principal,foi até a praça e a atravessou, a Igreja estava aberta e iluminada, provavelmente as pessoas da paróquia já haviam tomado conhecimento da matança e preparavam o lugar para o velório, ás suas costas, pessoas corriam desesperadas em direção ao velho bar.
Parou ao pé da escada, olhou para a cruz no alto da torre, respirou fundo e entrou, não, não queria pedir perdão, em seus trinta e poucos anos seus olhos já tinham visto mais tragédias do que poderiam suportar e seus velhos ferros, os velhos “fazedores de viúva” já haviam mandado uma multidão de defuntos para acertar suas contas com o Senhor.
Era tarde para pedir ajuda, era tarde para pedir clemência, chegou a um dos surrados bancos, tirou o chapéu e ajoelhou-se.
Os olhos fechados projetavam imagens de um belo campo verde, marcado ao fundo com as velhas taipas de pedra, divisando o fim de suas terras um pouco antes do rio. Sentado com seus pés erguidos por sobre as tábuas da varanda, sua mulher, ao lado, bordando o sapato para o filho que chegaria em breve, enquanto o primogênito, com seus cinco anos de idade, brincava de fazendeiro com seu pequeno rebanho imaginário, de cavalos e vacas feitos de lascas de osso...
O sol estava se pondo logo após do morro mais próximo, a luz alaranjada dava fundo ao quadro do que seria a sua última lembrança de um dia feliz...
Enxugou uma lágrima teimosa com as costas da mão, levantou-se, bateu a poeira do surrado chapéu e seguiu até o lugar onde deixara o cavalo...
A chuva chegou forte, apesar de o dia ter sido ensolarado e o entardecer ter feito promessas de tempo firme, os três sentados em volta da mesa, no velho fogão de barro uma chaleira chiava em protesto e o vento batia forte de encontro as janelas, mas dentro da casa, a luz do lampião tranqüilizava o ambiente.
O vento e a chuva esconderam o barulho dos cascos dos cavalos que se aproximavam, abafaram também o latido do seu cão, e quando os jagunços puderam ser ouvidos era tarde demais.
Infelizmente os trovões não abafaram o barulho dos tiros, dos dois tiros, o que matou sua mulher e o que matou seu filho, enquanto ele, dominado e com as mãos amarradas apenas gritava de dor...
O cão ou o lampião, talvez Deus, um deles salvou sua vida, ouvindo os tiros, o velho cão pastor se tornou mais forte que a corda que o prendia, ele correu em direção á casa, entrando pela porta escancarada e atacando um dos homens armados, alguns disparos acidentais aconteceram, o lampião caiu, ele derrubou o outro jagunço que o segurava, o cão deu um ganido de dor e foi aí que o fogo começou.
Era a hora de sobreviver e não de ser corajoso, correu porta a fora, as mão amarradas atrapalharam a corrida e ele se machucou ao pular a taipa, a chuva estava forte, o rio havia subido e ele foi arrastado pela enxurrada.
Soltou seu cavalo, montou e saiu num trote apressado, ainda precisava falar com o ferreiro, mas a hora de ir embora era aquela e, antes que perguntas começassem a ser feitas, seguiu rumo á estrada, seguiu em busca da sua vingança...


Richard

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Planalto Central

Vim trazer chuva ao Planalto Central, acho que não chovia em Brasília a anos, pelo menos não da forma como choveu nos últimos dias.
Hoje fez o famoso calor intenso, seco, sol forte, mas as noites são muito bonitas, quentes e que lembram os dias bons lá do sul.
Os bares estão sempre cheios, as pessoas sentadas nas mesas na calçada noite adentro, os bares invadem as calçadas e o clima é diferente, todo mundo parece estar feliz, por piores que sejam suas vidas e seus trabalhos.
Tão diferente da minha cidade, onde vivemos pra ter e não pra ser.
Ontem jantei na beira do lago Paranoá, uma beleza, a foto é de um amanhe3cer no lago, que achei na net.
Fiquei meio assim hoje:
No final da noite vamos embora, cada um seguirá seu destino, mas levo você junto comigo para sempre, seu oplhar vai me acompanhar nos meus sonhos, e acho que os sonhos bons são eternos...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E no rádio rolou uma canção...

Donde estás corazón
Shakira
Donde estas corazon?
Ayer te busque
Entre el suelo y el cielo, mi cielo
Y no te encontre

Puedo pensar
Que huyes de mi
Porque mi silencio una corazonada me dice que si

Donde estas corazon?
Ven regresa por mi
Que la vida se me vuelve un ocho si no estas aqui
Quiero pensar
Que no tardaras,
Porque en el planeta no existe mas nadie a quien pueda yo amar

Donde estas corazon?
Ayer te busque
Donde estas corazon?
Y no te encontre

Donde estas corazon?
Saliste de aqui,
Ay, buscando quien sabe que cosas tan lejos de mi
Y puedo pensar
Y vuelvo a pensar
Que no tardaras
Porque en el planeta no existe a mas nadie a quien pueda yo amar

Donde estas corazon?
Ayer te busque
Donde estas corazon?
Y no te encontre

Te busque en el armario,
En el abecedario
Debajo de el carro
En el negro, en el blanco,
En los libros de historia
En las revistas y en la radio.

Te busque por las calles
En donde tu madre
En cuadros de botero
En mi monedero
En dos mil religiones
Te busque hasta en mis canciones

Oh uh oh no, no, no
Donde estás corazón?
(donde estás corazón?)
(ayer te busqué)
(donde estás corazón?)
(y no te encontre)

Te busque en el armario,
En el abecedario
Debajo de el carro
En el negro, en el blanco,
En los libros de historia
En las revistas y en la radio.
(donde estás corazón?)
(ayer te busqué)

Te busque por las calles
En donde tu madre
En cuadros de botero
En mi monedero
En dos mil religiones
Te busque hasta en mis canciones
(donde estás corazón?)
(y no te encontre)

Oh, oh, oh
(donde estás corazón?)
(ayer te busqué)
(donde estás corazón?)
(y no te encontre)

Te busque en el armario,
En el abecedario
Debajo de el carro
En el negro, en el blanco,
En los libros de historia...
Pra fechar a sexta.
Bom feriado...

Numa ensolarada Sexta Feira 12...

Um velho texto, que achei quando limpava minha caixa de e-mails, esse, recebido em 2005, retirado do filme Sociedade dos Poetas Mortos:

Quando amei de verdade...

Quando me amei de verdade compreendi que, em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato...E então, pude relaxar...Hoje sei que isso tem nome..auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades...Hoje sei que isso é ser...autêntico.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento...Hoje chamo isso de...amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesma...Hoje sei que o nome disso é...respeito.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável...pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo...De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo...Hoje sei que se chama...amor-próprio!!!

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.

Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo...Hoje sei que isso é saber viver a vida intensamete.

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter razão sempre e, com isso, errei muito menos vezes...Hoje descobri a humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece...Hoje vivo um dia de cada vez plenamente.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar...Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.

"Assim que você pensar que sabe como são realmente as coisas, descubra outra maneira de olhar para elas".

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sobre histórias...

A foto ao lado é uma campanha da BMW, tentando implementar as vendas de carros usados. Tá, a primeira vista é meio machista, mas, desconsidere o lado machista da coisa e reflita sobre a frase...
Você sabe que não foi o primeiro. Mas você realmente se importa?
Acho que todos nós temos histórias, passados, que não necessariamente nos enchem de orgulho, mas que nos levaram ao lugar onde estamos, que nos tornaram o que somos.
E acho que cada começo deve ser um novo começo, deve ser uma partida do zero.
No novo emprego, no novo amor, na nova vida.
Não digo rasgar as velhas cartas de amor ou as fotos das pessoas queridas, as fotos dos bons momentos  passados junto de quem nos amava, e que ficou pra trás, mas um começo do zero nos sentimentos.
Não importa quais as aventuras que cada um viveu até aqui, mas as aventuras que teremos juntos, as aventuras que passam a contar daqui, deste ponto.
Você deixaria de gostar de alguém por quê esse alguém tem um passado?
Acho que talvez seja mais fácil falar do que fazer. Muitas vezes meus erros ou cargas do passado batem á minha porta e, não raro, eu abro uma fresta só pra ver quem está do outro lado.
Sei quem é, sei que não vai me fazer bem, que vai me fazer sofrer, mas quero ver se as coisas continuam iguais, ou pelo menos parecidas com o que foram.
E se meu coração não disparar e minha respiração continuar igual, acho que comecei de novo...

E no rádio rolou uma canção...

Mesmo Que Seja Eu
Erasmo Carlos

Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou estava sem ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão
Com a força do meu canto
Esquento o seu quarto pra secar seu pranto
Aumenta o rádio me dê a mão
Filosofia é poesia é o que dizia a minha vó
Antes mal acompanhada do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu
Um homem prá chamar de seu
Mesmo que seja eu

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Na noite passada...

La Bella Luna
Os Paralamas do Sucesso

Por mais que eu pense
Que eu sinta, que eu fale
Tem sempre alguma coisa por dizer
Por mais que o mundo dê voltas
Em torno do sol, vem a lua me
Enlouquecer

A noite passada
Você veio me ver
A noite passada
Eu sonhei com você

Ó lua de cosmo
No céu estampada
Permita que eu possa adormecer
Quem sabe, de novo nessa madrugada
Ela resolva aparecer

A noite passada
Você veio me ver
A noite passada
Eu sonhei com você

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quando os balões encherem os céus...

99 Luft Baloons
Nina Hagen

Hast du etwas Zeit für mich
Dann singe ich ein Lied für dich.
Von 99 Luftballons
Auf ihrem Weg zum Horizont.
Denkst du vielleicht grad' an mich
Dann singe ich ein Lied für dich.
Von 99 Luftballons
Und dass sowas von sowas kommt.

99 Luftballons
Auf ihrem Weg zum Horizont.
Hielt man für ufos aus dem all
Darum schickte ein General.
Eine Fliegerstaffel hinterher
Alarm zu geben, wenn es so war.
Dabei war da am Horizont
Nur 99 Luftballons.

99 Düsenjäger
Jeder war ein grosser Krieger.
Hielten sich für Captain kirk
Das gab ein grosses Feuerwerk.
Die nachbarn haben nichts gerafft
Und fühlten sich gleich angemacht.
Dabei schoss man am Horizont
Auf 99 Luftballons.

99 Kriegsminister
Streichholz und benzinkanister.
Hielten sich für schlaue leute
Witterten schon fette beute.
Riefen: krieg und wollten macht
Mann, wer hätte das gedacht.
Dass es einmal soweit kommt
Wegen 99 Luftballons.

99 Jahre Krieg
Liessen keinen Platz für Sieger.
Kriegsminister gibt es nicht mehr
Und auch keine Düsenflieger.
Heute ziehe ich meine runden
Sehe die Welt in trümmern liegen.
Habe nen Luftballon gefunden
Denke an dich und lass ihn fliegen.

E não seria incrível ter o céu apenas pra olhar e imaginar todos os mistérios que existem além do horizonte?
As vezes me pergunto de que adianta toda essa informação e toda essa velocidade se cada vez nos tornamos menos sábios.
Muitas palavras mas pouco conteúdo.
Será que um dia a lua e as estrelas do céu voltarão a ser apenas dos apaixonados?
Ilustres desconhecidos que nos fascinam e nos enfeitiçam?
As vezes gostaria de acreditar que as núvens são feitas de algodão...

Corrida contra o destino.


“Lá vai Kowalski, o último herói americano..."

Super Soul grita em seu microfone, em algum lugar perdido no interior dos Estados Unidos. O final da história vai se desencadear na frente de sua rádio, mas ele não a verá, negro e cego, Super Soul (Cleavon Little)é quase a síntese do que é mais odiado na américa dos anos 60 e 70.
Super Soul se torna um profeta, o profeta de um juízo final que cruza o deserto americano a mais de 200km/h, ao volante de um Dodge Challenger.
Kowalski (Barry Newman) é ex-piloto, ex- policial, demitido por denunciar um colega e um veterano do Vietnã, ele é a síntese do que está no segundo lugar na lista do ódio.
É uma época maluca, 1971, os negros ainda sofrendo muito com o preconceito, jovens morrendo numa guerra sem sentido, o soul tomando conta do rádio, tirando aos poucos o lugar do blues, hippies, alucinógenos...
O efeito colateral do "American Dream Life" começa a dar as caras, revolta, insatisfação, indignação.
E Kowalski acelera, e a polícia tenta alcançá-lo. Kowalski não tem mais nada a perder, curte o barato de sua corrida sem sentido numa vida que não tem mais valor.
Kowalski é entregador de carros, contratado para atravessar o país dirigindo. O Challenger é sua próxima missão e, enquanto compra "speed", aposta que completará sua entrega em apenas um dia e aí começa um dos filmes de perseguição mais incríveis de todos os tempos.
São horas só de deserto e acelerador, o ator principal é o Challenger branco e ele cumpre bem seu papel, o resto são histórias que se desenrolam ao fundo, mas que não deixam de ser importantes.
"Vanishing Point" é clássico, quase um documentário sobre a cultura anos 70 e também um clássico para os entusiastas dos muscle cars. Teve um remake, em 97, com Viggo Mortensen como Kowalski, mas tirando o duelo entre o Challenger branco e o Charger preto, o resto do filme não representa nada.

Ainda sobre o filme:

Trailer:

Tenho medo de um dia acabar como Kowalski e, ainda assim, gostaria de ter a coragem dele...

Sem mais.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

E essa é pra você...

I Drove All Night
Roy Orbison

I had to escape, the city was stinking and cruel
Maybe I should have called you first, but I was dying to get to
you
I was dreaming while I drove the long straight road ahead
Uh-huh, yeah
Could taste your sweet kisses, your arms open wide
This fever for you was just burning me up inside

I drove all night to get to you
Is that all right?
I drove all night, crept in your room
Woke you from your sleep
To make love to you
Is that all right?
I drove all night

What in this world keeps us from falling apart?
No matter where I go I hear the beating of our one heart
I think about you when the night is cold and dark
Uh-huh, yeah
No one can move me the way that you do
Nothing erases this feeling between me and you

I drove all night to get to you
Is that all right?
I drove all night, crept in your room
Woke you from your sleep
To make love to you
Is that all right?
I drove all night

To taste your sweet kisses, your arms open wide
This fever for you is just burning me up inside

I drove all night to get to you
Is that all right?
I drove all night, crept in your room
Is that all right?
I drove all night

E no rádio rolou uma canção...

Você já perdeu o controle por gostar demais de alguém?
Ou se sente péssimo por ver a pessoa que você quer com outro?
Essa é pra você:

It Started With A Kiss
Hot Chocolate

It started with a kiss
In the back row of the classroom
How could I resist
The aroma of your perfume
You and I were inseparable
It was love at first sight
You made me promise to marry you
I made you promise to be my bride
But then you were only eight years old
I had just about turned nine
I thought that life was always good
I thought you always would be mine

It started with a kiss
I never thought it would come to this
It started with a kiss
I never thought it would come to this

I remember every little thing
Like fighting in the playground
Some good looking boys
Had started to hang around
That boy hurted me so bad
But I was happy 'cause you cried still
I couldn't help but noticed
That new distant look in your eyes
But then when you were sixteen
I had just turned seventeen
I couldn't hold on to your love
I couldn't hold on to my dream

It started with a kiss
I never thought it would come to this
It started with a kiss
I never thought it would come to this

You don't remember me do you?
You don't remember me do you?

Walking down the streets again
The star of my love story
And my heart began to beat so fast
So clear was my memory
I heard my voice call out your name
As she looked and looked away
I felt so hurt, I felt so small
And it was all that I could say

You don't remember me do you?
You don't remember me do you?

It started with a kiss, I never thought it would come to this
It started with a kiss, I never thought it would come to this

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um dia, numa rua qualquer...

Again
Lenny Kravitz

I've been searching for you
I heard a cry within my soul
I've never had a yearning quite like this before
Now here you are walking right through my door

All of my life
Where have you been
I wonder if I'll ever see you again
And if that day comes
I know we could win
I wonder if I'll ever see you again

A sacred gift of heaven
For better, worse, wherever
And I would never let somebody break you down
Or take your crown never

All my life
Where have you been
I wonder if I'll ever see you again
And if that day comes
I know we could win
I wonder if I'll ever see you again

I've searched through time, I've always known
That you were there upon your throne
A lonely queen without her king
I've longed for you, my love forever

All of my life
Where have you been
I wonder if I' ll ever see you again
And if that day comes
I know we could win
I wonder if I' ll ever see you again

All of my life...

All of my life where have you been

I wonder if I'll ever see you again
I wonder if I'll ever see you again
I wonder if I'll ever see you again

I wonder if I'll ever see you again
I wonder if I'll ever see you again
I wonder if I'll ever see you again
I wonder if I'll ever see you again

Considerações sobre meu breve exílio:

Espero pelo meu vôo dando um tempo no hotel, a tarde chuvosa e triste, me faz lembrar de casa, está frio, mas não é o mesmo frio de casa. É um frio sem graça, triste.
Que saudades das manhãs de neblina e de abrir a janela e ver a grama coberta de gelo.
De tomar chimarrão no final da tarde, vendo o pôr do sol.
Ou de sentir o vento no rosto no alto do Ninho, ou ouvir os sabiás cantando em volta da minha casa.
Tenho saudade de não me sentir estranho, das pessoas dizendo: "Bom dia".
Das noites de sono sem tantas sirenes. De falar com, as pessoas na parada de ônibus, ou de agradecer ao comprar o pão na padaria.
Saudades de ver as pessoas sorrindo e de um pouco de calor humano, coisas que não encontrei nas pessoas daqui.
Vou deixar pra trás alguns novos grandes amigos que fiz durante minhas andanças.
Alguns deles voltam comigo, cada um a seu jeito, para seus lares na pátria do Sul.
Ah, há alguém que me espera de braços abertos quando eu chegar, meu cachorro que vai me latir sorrindo e a velha pilha de carnês em atraso.
Amanhã, quando conseguir sair da cama, e sentir todos os cheiros e ouvir todos os sons de sempre, vou me sentir novamente em casa e inteiro outra vez...

Está quase na hora.

Rio Grande, aí vou eu...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Liberdade

“Ninguém é mais escravo do que aquele que se considera livre sem o ser.”
Johann Wolfgang von Goethe


Hoje falava com um amigo sobre liberdade, sobre ir e vir, e agora tava pensando que a liberdade exige muitas responsabilidades e, que, talvez, pra ser livre estamos de estar sempre meio presos a algumas coisas.
Estranho isso, mas vou falar um pouco do passado e, talvez as coisas se expliquem, ou não.
Houve uma época em que eu e um camarada íamos a festivais, onde pagávamos 3 pilas a entrada e nosso braço era carimbado, pra poder entrar e sair a qualquer hora. Nessa época, éramos os únicos otários que não eram livres. Nossos "amigos" punks eram livres, podiam fazer o que bem entendessem, iam e vinham,  e, porra, por quê não ser assim?
Nada de empregos, chefes, só álcool, mulheres e música.
Mas aí a liberdade acabava quando os caras tinham de pedir um ou dois reais pra poder entrar,ou tinham de pedir um ou dois reais pra poderem se manter "alto" por mais cinco minutos. E numa dessas, o cara mais livre de todos, puxa um celular e liga pra mãe pra que ela lhe leve dinheiro.
Foi o fim da era punk, foi o começo do fim dos festivais, foi o momento de abrir os olhos...
Me liguei que eu era livre, por quê era o babaca que tinha carro, o babaca que ia pra casa no final da noite, o babaca que ligava pra dar satisfação se não fosse voltar, era o cara da "liberdade vigiada".
E agora sou livre, vendo as coisas de um aspecto que soa capitalista e idiota, mas não é, sou livre. Por quê tenho escolhas, mesmo que dentro de um certo limite. Um mendigo tem escolhas, tem liberdade dentro dos limites que sua vida permite. As vezes eu invejo o mendigo, sei lá, talvez ele me inveje (provavelmente não) de vez em quando. Quem nunca quis estar no lugar de outra pessoa? Talvez só pra ver "qualé", só pra sentir o "barato".
Tenho a liberdade de fechar os olhos e me transportar pra qualquer lugar onde minha mente maluca quiser ir, tenho a liberdade de provar cada gosto novo que tive curiosidade de experimentar. Tenho liberdade pra viver minhas excentricidades, meu gosto pelas boas bebidas, pelos bons aromas, pelos bons temperos.
Livre pra me deixar cair na grama e olhar o céu, respirar fundo e sentir o ar encher o pulmão, sinto isso de maneira plena, sem nada pra amortecer meus sentidos, ou alterar minha consciência.
Sou livre pra me sentir artista, quando tiro das máquinas seu tom mais grave, quando abuso, uso, acerto, afino sua respiração como um maestro, que controla os sopros descontrolados e os torna uma sinfonia de instrumentos soprados 5, 7, 12 mil vezes por minuto.
E pra tudo isso, tenho que estar preso á realidade, aos compromissos, aos horários... as vezes acho que é um preço justo, que os benefícios valem mais que os sacrifícios.
Além disso, ainda me resta a liberdade de jogar tudo para o alto, chegar ao fundo do poço, ir lá, conhecer e voltar, pois aprendi enquanto estou preso, á realidade, que o esforço pra se manter em pé é que me traz as recompensas, as verdadeiras recompensas e que, pra voltar a ser livre, mesmo que meio preso, basta dar apenas um passo...
Agora, será que é possível ser livre no fundo do poço? Talvez. Mas acredite, já estive lá, e o limite para a liberdade, lá em baixo, é muito pequeno e não vale a pena.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre saudades...

Em algum lugar sei que alguém me espera e sente minha falta.
Sei que seu sorriso está meio apagado e consigo ver seu olhar triste,
como se estivesse a seu lado.
Já estivemos longe outras vezes, outras tantas vezes,
mas dessa vez é diferente, estamos mais distantes que nunca.
E não será a última vez.
Mas espero que ela veja, que meu sorriso também está meio apagado
e que sinto falta de seus braços e de seu beijo.

Saudade De Você
Luiza Possi

Você viajou pra longe
Mas eu sei que vai voltar
Fala o tempo inteiro no seu nome
Não paro de pensar
Espero que não demore
Pois, não sei se vou aguentar
Ah! Meu bem, você é a minha metade
Não dá pra separar
Eu mato o tempo desenhando o seu rosto
Num pedaço de papel
A te esperar
Estou morrendo
De saudades de você
Estou morrendo
De vontade de te ver
Eu sinto tanta a sua falta
Só você me faz sorrir
Quero logo o seu abraço forte
E o mais belo beijo bem aqui
Você nem pode imaginar
Que surpresa eu preparei
Um prêmio se você adivinhar
Uma dica, eu nunca te dei
Eu mato o tempo desenhando o seu rosto
Num pedaço de papel
A te esperar
Estou morrendo
De saudades de você
Estou morrendo
De vontade de te ver
A gente tem tanta coragem
Pra acabar com toda essa crueldade
Por que que todos são tão diferentes
Não vivem a vida simples como a gente
Estou morrendo
De saudades de você
Estou morrendo
De vontade de te ver

No táxi rolou uma canção...

No táxi pro aeroporto, tocava um especial do Roberto, e, numa dessas, tocou essa música, e agora, lendo a letra, começo a pensar um pouco na minha vida até aqui e em como é bom e ruim estar longe...

À janela
Roberto Carlos

Da janela o horizonte
A liberdade de uma estrada eu posso ver
O meu pensamento voa livre em sonhos
Pra longe de onde estou

Eu às vezes penso até onde essa estrada
Pode levar alguém
Tanta gente já se arrependeu e eu
Eu vou pensar, eu vou pensar

Quantas vezes eu pensei sair de casa
Mas eu desisti
Pois eu sei lá fora eu não teria
O que eu tenho agora aqui

Meu pai me dá conselhos
Minha mãe vive falando sem saber
Que eu tenho meus problemas
E que às vezes só eu posso resolver

Coisas da vida
Choque de opiniões
Coisas da vida
Coisas da vida

Novamente eu penso ir embora
Viver a vida que eu quiser
Caminhar no mundo enfrentando
Qualquer coisa que vier

Penso andar sem rumo
Pelas ruas, pela noite sem pensar
No que vou dizer em casa
Sem satisfações a dar

Coisas da vida
Choque de opiniões
Coisas da vida
Coisas da vida

Penso duas vezes me convenço
Que aqui é o meu lugar
Lá fora às vezes chove
E é Quase certo que eu vou querer voltar

A noite é sempre fria
Quando não se tem um teto com amor
E esse amor eu tenho mas me esqueço
Às vezes de lhe dar valor

Coisas da vida
Choque de opiniões
Coisas da vida
Coisas da vida

Tudo tem seu tempo
E uma vida inteira eu tenho pra viver
E nessa vida é necessário a gente
Procurar compreender

Coisas que aborrecem
Muitas vezes acontecem por amor
E esse amor eu tenho esquecido às vezes
De lhe dar valor

Coisas da vida
Choque de opiniões
Coisas da vida
Coisas da vida

Coisas da vida
Choque de opiniões
Coisas da vida
Coisas da vida

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dias de tempestade ...

As vezes queria me deixar estar, tipo, apenas ficar parado, horas e horas a fio olhando pela janela e vendo a chuva cair, algumas gotas batendo na janela e um raio ou outro riscando o céu.
Gosto de dias de tempestade e do cheiro de terra molhada depois de uma chuva de verão, mas gosto do poder da tempestade, de transformar em caos o mais belo dos dias e apagar o sol sem mais nem menos.
O trovão que faz as janelas tremerem com seu estrondo e a destruição da queda do raio me deixam estranhamente feliz, fascinado.
Ao contrário dos dias de frio e nevoeiro, que me deixam pensativo e nostálgico, os dias de tempestade me trazem uma certa esperança, de que dias melhores virão, que para cada vida que o raio destrói, uma nova vida surge para o mundo, completando um ciclo ancestral e poderoso, vida, morte, renascimento.
Tenho vivido dias no olho do furacão, o vento me arrastando de um lado para outro e estou sorrindo, estou de braços abertos, se eu me ferir na queda, sei que é pro meu bem e que logo vou estar de pé de novo...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Enquanto isso, num certo Café ...

A noite começa a chegar, de mansinho, com a claridade diminuindo aos poucos, as pessoas correm para suas casas, depois de um dia exaustivo de trabalho, algumas crianças, atrasadas do retorno da escola, correm levando seus cadernos nos ombros, outras, menores, seguem de mãos dadas com suas mães em meio á multidão agitada.
Enquanto a calçada fervilha, pelo vidro da velha cafeteria eu observo o fim do dia, sentindo o cheiro do café torrado, recém moído ( pode haver cheiro mais delicioso no mundo?), misturado ao perfume de canela dos capuccinos e do chocolate, que aqui e ali, se junta ao café para lhe realçar o sabor.
Trago minha xícara aos lábios, e os tons envelhecidos do velho scoth, que, não raro, envenena meu café, fazem meus sentidos se aguçarem e minha mente tenta uma breve fuga do barulho que me cerca.
Em minha fuga rápida, desesperada, aos poucos surgem os seus olhos, belos e profundos, que por um breve instante encontram os meus, e vejo surgir em seu rosto um discreto sorriso.
Como você é linda...
O som das buzinas me traz de volta á realidade das mesas vazias á minha volta e da multidão apressada, pôs fim á nosso breve encontro, uma pena. Será que um dia essa cena se tornará real?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sobre pessoas que se foram... (II)

Tears In Heaven
Eric Clapton

Would you know my name
If I saw you in Heaven?
Will you be the same
If I saw you in Heaven?
I must be strong
And carry on
'Cause I know I don't belong
Here in Heaven

Would you hold my hand
If I saw you in Heaven?
Would you help me stand
If I saw you in Heaven?
I'll find my way
Through night and day
'Cause I know I just can't stay
Here in Heaven

Time can bring you down
Time can bend your knees
Time can break your heart
Have you begging please
Begging please

Beyond the door
There's peace
I'm sure
And I know there'll be no more
Tears in Heaven

Would you know my name
If I saw you in Heaven?
Will you be the same
If I saw you in Heaven?

Quando eu chegar no fim do caminho, as pessoas que amo responderão quando eu lhes chamar pelo nome?

"Corra muito, morra jovem e deixe um belo cadáver para trás." ( James Dean )

"Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã." ( James Dean )

"Viver o mais intensamente, arriscar sempre. Se tivesse 100 anos para viver, eu ainda não teria tempo para fazer tudo o que quero fazer."  ( James Dean )

Cara, as vezes penso em como nossa existência é tão sem sentido, sabe, ao ponto de acabar em um suspiro, em um segundo estamos ali e no outro, adeus, até nunca mais. E nos pegamos a fazer planos, o que eu quero ser quando crescer, o que eu quero ser quando me aposentar, o que vou ser quando me formar, ou quando tiver minha casa, ou quando tiver meus filhos, ou quando casar e; e aí?
E o que eu sou agora? O que estou sendo agora? Será que um dia vou olhar pra trás e achar que fiz algo que realmente valeu a pena?
Ou, cheio de grana, aposentado, na minha casa na praia ou campo, eu vou olhar para trás, pro passado, através de meus olhos saudáveis no corpo saudável de quem não bebe, não fuma e não fode, e dizer:
"Uau, que bela merda eu fiz da minha vida..."
Um cara pediu minha idade a uns dias atrás e, quando respondi, ele disse que eu estava bem acabado, uhauhauha.
Respondi que usei meu corpo da maneira mais severa possível e, olhando para as minhas cicatrizes, acho que não deixa de ser verdade.
Isso aí, pegue seu corpo e o use sem dó, no fim, de nada adiantará ele estar conservado, você não receberá a mais por isso...

Sobre pessoas que se foram... (I)

Engraçado como as vezes lembramos de pessoas que se foram durante uma conversa qualquer e, bate uma saudade e uma tristeza, sei lá, uma percepção de vazio tão estranha, aquele telefone que não vai mais tocar ou a voz que não vamos mais ouvir ...

Gostava Tanto de Você
Tim Maia

Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...

Você marcou em minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...

Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!

domingo, 5 de setembro de 2010

Pontes de nós mesmos...

Durante os últimos dias passei por uns lances interessantes
tanto bons quanto ruins.
Mas o que me chamou a atenção foi como vivemos em um
tempo impessoal e triste.
Agora que todas as fronteiras do mundo praticamente caíram,
pelo menos as barreiras físicas ou mecânicas,
levantamos barreiras altas contra as pessoas á nossa volta e
impedimos que elas se aproximem.
E daí é que os contrastes nos marcam mais.
Conheci pessoas muito legais nos últimos dias e rimos muito,
conversamos muito também,
acho que são amigos que levarei comigo daqui pra frente.
E conheci pessoas muito legais que não verei nunca mais, infelizmente.
E isso é importante, isso é o máximo.
Pena que conheci muita gente que não consegui arrancar sequer
um bom dia ou um sorriso.
Conheci pessoas de pedra, máquinas de trabalhar e fazer merda
totalmente insensíveis e imunes a qualquer tipo de emoção.
Que droga isso.
Noto que faço mais amigos entre as pessoas mais velhas,
ou,
entre os últimos sobreviventes dos anos 80,
ou
que foram educadas de forma diferente, de antes da educação pela
máquina e pela grana.
Pessoas que ralaram o joelho na terra jogando bola,
que volta e meia andam de pés descalços na grama,
que batiam figurinha ou jogavam bolita.
Estranho não?
Bom, talvez a minha viagem á selva de pedra tenha me feito
dar mais valor aos meus amigos.
Os melhores amigos do mundo...

Algumas frases que li ou ouvi nos últimos dias:

" Quando você passar pela vida de uma pessoa, tem de fazer
com que, ao sair, essa seja uma pessoa melhor do que quando
você a conheceu..."

"Amigos só são amigos na hora da foto... Pra quê essa carência,
de sempre ter de mostrar que é amado pro mundo inteiro? "

Sem mais...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A refletir...

O quarto do hotel é totalmente sem graça
todas as coisas são impessoais
apesar da bem arrumada mesa
e dos enfeites e luminárias nos cantos
não tem nada de íntimo ou aconchegante...
Abro a janela e vejo apenas os prédios em volta
e as pessoas que passam apressadas
sem olhar para os lados
preocupadas com suas vidas e só...
Encontro a cama arrumada quando chego
e as duas garrafas de água que me esperam
a TV
que prometia companhia nada tem de atrativo...
O vagar pelas ruas
e o mate amargo com os novos amigos
me alegra por um momento
e por um instante apenas esqueço de casa.
Logo volta á cabeça
o portão fechado quando chego
a garagem escura e o olhar triste do meu cachorro
pedindo pra ser solto...
O miado chato dos gatos
querendo entrar em casa antes de mim
o cheiro de café recém passado
e a bela loira de olhos verdes
que me abraça forte e me cobre de beijos
quando chego...
Se estar longe me faz sentir falta das coisas
me faz sentir saudades
o sucesso que consigo distante
não me faz tão feliz quanto
a promessa de felicidade da volta...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Corrida contra o destino...

Não, não é do filme que vou falar, ainda, mas de como as vezes fico aborrecido quando as coisas insistem em não dar certo mesmo quando estão tão perto de acontecer.
As vezes tudo parece um jogo de gato e rato e tenho certeza de que as vezes o destino coloca a isca na minha frente só pra ver o que eu vou fazer.
Na boa, ando de saco cheio disso...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Histórias reais, seres imaginários (I)

Me Odeie
Reação Em Cadeia

Qual é o teu segredo
Do que você tem medo
Não sou nenhum brinquedo
Que pode se quebrar

Me dê algum motivo
Por não estar contigo
Quero saber se você
Tem um novo amigo

Que ama você
Como eu amei
E que também
Vai te proteger
E te dar o que
Eu não te dei

Me desgrace
Me odeie
Só nunca esqueça
Que eu amei você
Me difame, me odeie
Só nunca esqueça
Que eu amei você

Eu fui aos céus com você
E ao inferno também
Depois de ir às nuvens
Quase caímos no chão

Amar é muito fácil
Difícil é esquecer
Que um dia todo amor
Que tinha
Eu Dei para você

E quando percebi
Que não foi demais
Era muito tarde
Pra voltar atrás
Pra te dar o que eu não te dei

Por isso...

Me desgrace
Me odeie
Só nunca esqueça
Que eu amei você
Me difame, me odeie
Só nunca esqueça
Que eu amei você.

sábado, 7 de agosto de 2010

Uma morena de olhos azuis...

Mercedes Benz
Janis Joplin

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?
My friends all drive Porsches, I must make amends
Worked hard all my lifetime, no help from my friends
So Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?

Oh Lord, won't you buy me a color TV?
Dialing for Dollars' is trying to find me
I wait for delivery each day until three
So Lord, won't you buy me a color TV?

Oh Lord, won't you buy me a night on the town?
I'm counting on you, Lord, please don't let me down
Prove that you love me and buy the next round
Oh Lord, won't you buy me a night on the town?

Everybody

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?
My friends all drive Porsches, I must make amends
Worked hard all my lifetime, no help from my friends
So Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mercedes 190 E, a melhor em sua categoria e época, linda...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vinhos...

Penso que as pessoas especiais são como os vinhos, tem de ser abertos com delicadeza, sentidos pelo olfato ao se abrir a garrafa, pela visão, enquanto ele se acomoda no fundo da taça, deve haver uma cumplicidade, um ritual, um flerte, depois, aos poucos sentimos seu sabor, deixamos ele passear vagarosamente pela nossa boca, sentindo cada nota do seu gosto, cada traço que ele absorveu enquanto envelhecia, cada faceta que o torna único e especial, diferente de todos os outros, só depois de travar esse conhecimento é que o tomamos aos goles, mas sem pressa, o objetivo não é o ápice ou a embriaguês imediata, mas a alegria do encontro, do momento, que vai nos fazer levitar, elevar nosso pensamento durante o ato e nos deixará com aquela sensação de que foi bom, mas infelizmente acabou, quando a garrafa estiver vazia.




Brrrrrrrrrrrrrrrrr.... que frio...

sábado, 31 de julho de 2010

Ainda (e novamente...) sobre carros e lembranças...

Certa noite, eu e o Jhonny pegamos o Landau "na moita" e fomos procurar encrenca por aí.
O carro era o xodó do velho e ele morria de ciúmes dele, mas, a ocasião faz o ladrão e, estávamos sozinhos em casa e de má intenção e não deu outra.
Botamos un vinte reais de gasolina (que custava 76 cents o litro) e saímos por aí.
Paramos na Tiba, que era o lugar onde as coisas aconteciam a dez ou doze anos atrás, e lá estava o Mr. Bean com seu Charger R/T. Puta carro bandido do cacete, azul escuríssimo, com os vidros pretos originais de fábrica e aqueles faróis escondidos atrás da grade, nunca mais vi nem ele e nem o carro, uma pena.
Tentei de todas as formas roer a corda e declinar do desafio, mas no fim das contas, a reta da Random fica linda a mais de 180km/h e a adrenalina falou mais alto.
Duelo de peso, 215cv de um lado, 197cv de outro, mais de três toneladas de lata e cromados, carros da época em que a gasolina era barata e servida a rodo, dá época em que todos acredidavam que a felicidade era para sempre e que os sonhos bons iam se realizar...
Perdi, claro, estava em desvantagem, mas foram segundos pra ficar pra história.
Não sei por quê lembrei disso, acho que é por quê está chovendo e fiquei um tanto nostálgico.
Também já cansei de contar essa história e, já foi contada por tantos e de tantas formas que, da última vez que a ouvi, eu e o Bean chegamos no final da reta a mais de 300km/h e só perdi por que um cabo de vela soltou, uhauhauhauha...

Então, falando dos grandes carros americanos e de como se dirige um deles:

O Cadillac
Roberto Carlos

Peguei meu Cadillac
Mil novecentos e sessenta
E nele me sentia
Com metade de quarenta
Em meu Cadillac, meu Cadillac
Saí pela cidade me sentindo um jovenzinho
E na primeira esquina
Parei ao lado de um brotinho
Meu Cadillac, meu Cadillac
E o brotinho do meu lado
Ao sair deixou comigo o meu passado

Fui à casa da Dorinha
Minha antiga namorada
E como nos velhos tempos
Parei em cima da calçada
Meu Cadillac, meu Cadillac
Veio um cara lá de dentro
Perguntou a que eu vinha
E cheio de intimidade perguntei pela Dorinha
E meio sério
Ele me disse
A Dorinha é minha agora
E é melhor você chama-la Dona Dora

Meu Cadillac lindo, longo
Conversível, extravagante
Quase seis metros de um vermelho cintilante
Me lembro bem da minha juventude linda
Tudo era alegria eu me lembro bem ainda

A tarde vinha vindo
E pra casa eu voltava
Peguei o meu amor que no caminho me esperava
Em meu Cadillac, meu Cadillac
Depois de um longo beijo
Contei à ela as novidades
Que eu viajei no tempo e estava doido de saudade
Saudade dela, no meu Cadillac
Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque

Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque

Meu Cadillac lindo, longo
Conversível, extravagante
Quase seis metros de um vermelho cintilante
Me lembro bem da minha juventude linda
Tudo era alegria eu me lembro bem ainda

A tarde vinha vindo
E pra casa eu voltava
Peguei o meu amor que no caminho me esperava
Em meu Cadillac, meu Cadillac
Depois de um longo beijo
Contei à ela as novidades
Eu viajei no tempo e estava doido de saudade
Saudade dela, no meu Cadillac

Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque

Já na garagem o pé no breque
O Cadillac ao lado do meu Calhambeque

domingo, 25 de julho de 2010

Sobre sangue, suor e lágrimas...

“É a história de homens de rara capacidade e criatividade que, através de gerações, consagraram a sua essência à busca do elusivo ideal de perfeição. O fato de que a máquina foi o meio usado não faz seu trabalho menos nobre do que qualquer outra manifestação de arte ou ciência. E, para algumas pessoas, este meio é eminentemente nobre: nas três dimensões que normalmente limitam a maioria das obras de criatividade humana, esta adiciona a dimensão do movimento, o que faz dela uma aproximação da vida em si. Indo muito além da qualidade escultural, o trabalho deles transcende os valores de julgamento humanistas. Neste caso o desempenho é medida absoluta do que foi atingido, e o valor do esforço criativo de cada homem é aparente para todos.”

Griffith Borgeson

Dispensa imagens.
Domingo ensolarado, vou sair pra rodar...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caminhando na Lua...

Starman


Didn't know what time it was,
the lights were low
I leaned back on my radio
Some cat was layin' down
some rock 'n' roll 'lotta soul, he said
Then the loud sound did seem to fade
Came back like a slow voice on a wave of phase
That weren't no D.J. that was hazy cosmic jive

There's a starman waiting in the sky
He'd like to come and meet us
But he thinks he'd blow our minds
There's a starman waiting in the sky
He's told us not to blow it
Cause he knows it's all worthwhile
He told me:
Let the children lose it
Let the children use it
Let all the children boogie

I had to phone someone so I picked on you
Hey, that's far out so you heard him too!
Switch on the TV we may pick him up on channel two
Look out your window I can see his light
If we can sparkle he may land tonight
Don't tell your poppa or he'll get us locked up in fright

There's a starman waiting in the sky
He'd like to come and meet us
But he thinks he'd blow our minds
There's a starman waiting in the sky
He's told us not to blow it
Cause he knows it's all worthwhile
He told me:
Let the children lose it
Let the children use it
Let all the children boogie

Starman waiting in the sky
He'd like to come and meet us
But he thinks he'd blow our minds
There's a starman waiting in the sky
He's told us not to blow it
Cause he knows it's all worthwhile
He told me:
Let the children lose it
Let the children use it
Let all the children boogie

Será que ainda conseguimos sonhar como quando éramos crianças? Com naves espaciais e seres de outros mundos? Com máquinas do tempo e aventuras incríveis?
Pena que o tempo passa e a realidade nos bate na cara, dura como pedra, mas mesmo assim, é tão bom sonhar as vezes e se deixar levar...

Dias nublados me deixam pensativo... (como vovó já dizia...)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Som do Silêncio...

Em 98 o programa do sábado era o seguinte, ligava para o Éden e pedia o que ele ia fazer, se nada, pegava meu super Fusca, passava na casa dele e tocávamos o terror até Forqueta. Mais especificamente até a casa do Rondinel, nosso colega, lá geralmente apareciam as figuras mais interessantes daquelas bandas, alguns também eram nossos colegas, como o Chimia e o Gringo.
Naquele tempo a galera tocava na Igreja do bairro, músicas sacras e o caramba e, volta e meia, se reuniam pra tocar na casa dele sons do Guns, do Aerosmith, do Iron, do Bon Jovi, as vezes a galera alugava umas fitas (o DVD ainda estava ainda não era tão disseminado) com clips do Guns e ficávamos ali, de bobeira.
Claro que havia a Alice, a irmã mais nova do Rondi, que, sempre recebia umas amigas lá, todas fãs dele, e ficávamos ali, uns tocando, outros conversando, outros tomando umas cervejas e assim a tarde se passava.
Nessas "reuniões" sempre os pais deles davam o ar da graça e, bah, que pessoas legais, bom, quem conhece os dois, Rondinel e Alice, sabe que eles são o exato reflexo do que receberam dos pais, e só isso já os torna pessoas muito especiais.
A última vez que vi todos juntos foi a quase dois anos, um tempo depois da morte do Chimia, num acidente idiota, resolvemos juntar a galera pra uma janta e ali todos matamos as saudades, fizemos as mesmas velhas brincadeiras, contamos histórias e rimos muito a noite toda...
O que não gosto no destino é que ele tem um censo de humor peculiar demais, as vezes ele faz umas brincadeiras que por mais que tente, com minha cabeça limitada e pouco desenvolvida, não consigo entender.
Quando as pessoas estão legais, conseguem aquilo que sempre sonharam, desaparecem, sabe, aquelas tias das tesouras de ouro piram e cortam a linha da vida e pronto, a existência se acaba, é o fim das pessoas legais e dos planos legais que elas tinham.
E nesse sábado as tesouras fecharam sobre a linha da vida dos pais do Rondinel e da Alice, o seu Sebastião e a dona Marli, e eles se foram, deixaram nosso convívio e se tornaram eternos, pena que foi tão cedo, pena que foi assim...

Força meus amigos...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A foto...

"O que é esse desenho?
Não é um desenho, é uma foto.
Tá, mas ele é estranho, o que quer dizer?
Ué? Você não está vendo?
Tá, mas e essa mulher com essa bandeira?
O que quer dizer?
Ela está dando a largada.
Sim, mas que besteira.
Você não está vendo o momento?
A reta que está á frente, se abrindo como o infinito?
Tu é louco. Teus olhos só enxergam aquilo que tu quer ver..."

Não só enxergo, mas sinto, sinto o volante nas minhas mãos e o barulho do motor funcionando na lenta, sinto o cheiro da gasolina e sinto minhas mãos úmidas e a garganta seca.
Tenho sangue nos olhos, caramba, gosto do barulho do vento e de ver tudo passando rápido á minha volta.
Gosto de estar no controle e de perder o controle de vez em quando, gosto do limite, e de ir além do limite, de sentir o risco iminente e escapar por um triz.
Gosto do barulho infernal dos motores e do cheiro da borracha queimada, gosto do poder que o acelerador me dá e da segurança que a lataria me passa, gosto de atacar cada curva como se fosse a última e de pensar que meu fim será a mais de 200km/h.
Estou errado, eu sei, mas é a única coisa que me acalma, a velocidade é o remédio pra minha dor, a adrenalina a cura pras minhas lembranças tristes.
A máquina esconde minhas deficiências, me faz ser o que sempre quis, me faz pensar que sou capaz de voar...

Nossa, como é tarde, vou dormir e tentar sonhar com dias melhores.



 


Algumas antigas histórias de dormir ... (II)

Conto:

A vampira na janela.


Hoje aconteceu algo estranho, é tarde e estou cansado, olho para fora e tudo está escuro, no som o mesmo cd deve estar tocando pela terceira ou quarta vez, sei lá, talvez eu tenha dormido e sonhado, mas a dor no pulso esquerdo e as marcas que parecem mordidas, meio apagadas, mas ainda assim mordidas, continuam ali como que pra rir da minha cara.
Bom, ainda falta meia hora para terminar meu turno de trabalho e ir para casa, as máquinas estão paradas, as luzes apagadas, menos as da sala onde estou.
Nada de especial aqui, é uma sala com uns 15 metros quadrados, com uma grande área aberta, desprovida de móveis, resultado de uma reforma que não teve fim. São cinco computadores, num deles estou eu, é o que dá de frente para a porta do setor, a sala é cercada de vidros por dois lados, para que nós possamos ver e ser vistos por todos.
Atrás de mim, a uns três ou quatro metros de distância há uma janela, tem uns dois metros de comprimento por um e pouco de altura e se abre para um trecho de mata fechada atrás da grande metalúrgica. Ela está trancada, como sempre permanece quando o dia vai acabando e fico sozinho. É nessa janela que tudo aconteceu, na realidade ou no sonho, enfim, sinto a cabeça pesada, tomei uns goles do café ruim e meio frio a essa hora para ficar “ligado”, mas o peso não diminuiu, acho que nada que uma boa noite de sono não cure quando eu finalmente chegar em casa.
O barulho foi fraco, quase não ouvi, pensei que fossem os ratos, sim, há ratos, as vezes eles dão o ar da graça, mas não gostam de música alta, por isso não vejo eles a algumas noites, virei para trás para ver se não eram meus amigos saindo de suas tocas e não vi nada, na segunda vez o ruído foi mais forte, mais identificável, unhas batendo contra o vidro, viro de novo e parece, se bem que agora, apesar de eu ter olhado muito tempo para o vidro não pareça mais, a marca de uma mão.
Acendo as outras luzes, tudo está bem claro agora, impossível, a janela fica a uns dois metros de altura pelo lado de fora e a um meio metro da parede de tijolos há uma cerca, enferrujada e feia, mas ainda bem firme. O corpo acostumado à cadeira e á posição incorreta em frente ao teclado reclama um pouco na hora de levantar, mas poucos passos me levam até o objetivo, a tal janela barulhenta e fantasmagórica, que provavelmente deixei mal trancada, mas que na verdade está bem fechada e agora, de pertinho, com uma nítida marca de mão no vidro.
Junto o caco de coragem que ganhei ao longo de minhas desventuras, giro a tranca, abro a janela e lá está ela, de pé, os olhos negros no rosto branco e bonito, talvez um pouco sujo, me olhando serenos, nada de medo ou pânico e nem surpresa, apenas o olhar firme e despreocupado. Move os lábios, belos lábios, e pede ajuda, que eu a tire dali antes que seja tarde, que eles cheguem, “eles”, estico meus braços, pego suas mãos e a puxo para cima, os pés descalços escorregando parede a cima, sim pés descalços em meio ao matagal que tem lá fora.
Agora estamos dentro da sala, apesar de assustado, embasbacado, o olho percorre e grava cada detalhe, sim, ela é bonita, cabelos loiros, um tanto desarrumados, deve ter, quem sabe uns vinte anos, apesar de numa olhada mais rápida parecer menos, chuto uns quinze centímetros de altura a menos que eu, sim, é meu número. As roupas são boas, não do tipo maltrapilhas ou “pirigueti” que combinariam mais com a situação, mas uma calça jeans justa e desbotada, um pouco esfarrapada em uma das pernas, próximo ao tornozelo direito e uma blusa discreta o suficiente para não mostrar muito e, no entanto, capaz de abalar a fé de qualquer um.
Não, não é uma mendiga, está mais para uma aluna da universidade que caiu de um caminhão de mudança a caminho de casa do que para uma sem teto qualquer.
Puxo uma cadeira e insisto para que sente, reparo em seus pés, sujos sim, mas não feridos, as mãos a mesma coisa, um anel dourado em cada uma das mãos, tudo muito estranho, me pergunto como ela pulou a cerca sem se machucar, ou melhor, como ela chegou até a cerca de pés descalços.
Sirvo a ela um copo de chá quente, ela agradece, a respiração parece agitada apesar da impressão de que tudo está tranqüilo.
Vou em direção ao telefone, consulto a lista de ramais procurando a segurança e ouço um sonoro não, ela larga o chá sobre a mesa mais próxima e pede para que eu não ligue, digo que ela precisa de ajuda, se há alguém atrás dela não sou eu quem vai poder ajudá-la. Ela chega mais perto, o telefone retorna ao gancho antes de ser atendido.
Ela pega em minha mão, diz que não pode explicar, diz que sim, que está fugindo, mas que não é a segurança quem vai poder lhe ajudar, pede apenas que eu a deixe ficar um pouco e me puxa para perto de si e, nossa, agora caiu a ficha, que mulher linda, meus dedos tocam seus cabelos e se dirigem para a nuca, naquele movimento que, depois de um certo tempo de experiência, você sabe no que vai dar, os rostos se aproximando, corpos tomando posição, respiração acelerada, batimento a mil...
Foi o telefone que me fez ver o teclado praticamente grudado na minha cara, quanto tempo que fiquei “apagado” não faço a mínima idéia, atendi no terceiro toque, era engano. Levantei e fui passar uma água na cara, na volta é que me liguei no copo de chá abandonado no canto da mesa e a marca, se é uma marca, da mão no vidro.
Só agora vi as marcas no pulso, é não combinam com velhas histórias de vampiro ou com sonhos malucos, mas doem pra cacete, acho que me enrosquei em alguma coisa e não vi, mais tarde cuido disso, provavelmente esqueci o copo de chá ali antes de ter cochilado, “apagado” é o mais correto e a marca no vidro, bom, vai saber, provavelmente alguma combinação de sujeira e vento.
Só não entendo mesmo é essa estranha vontade de comer carne crua que me deu de repente, que coisa não?

As vezes escrevo histórias que nunca chegam ao fim, aos poucos me perco no enredo e a trama desaparece, o objetivo some, mas essa até ficou boazinha...

O outro lado...

Aos poucos deslizo pela cama,
tentando não te acordar,
procuro minhas roupas pelo chão e,
a um canto,
começo lentamente a me vestir.
Você, por um instante, altera a 
respiração e se mexe,
puxa o lençol contra o seio e,
volta a dormir profundamente.
Não resisto e me aproximo,
de leve, com o máximo de cuidado,
toco seu cabelo com a ponta dos dedos.
Me dirijo á porta sem barulho e,
agora, enquanto desço as escadas,
penso em tudo o que podia ter dito,
penso no seu sorriso ao ver você acordar,
penso em tudo o que deixei de ver,
em tudo o que deixei para trás,
penso nas promessas que não consegui cumprir,
e vou embora aos pedaços...

Inspirado no texto de uma moça de que gosto muito, embora não a conheça, que li hoje á tarde...