Acho que todas as crianças do mundo devem fazer (ou faziam...) isso quando chegam por essa idade e todas ficam admiradas ao observar como a coisa funciona. Bom, talvez nem todas, mas eu fiquei.
A experiência é simples, você coloca o feijão no tal pote, coloca um pequeno pedaço de algodão junto e a cada dia vai lá e coloca um pouquinho só de água.
Não lembro ao certo quanto tempo isso leva, mas em uns poucos dias temos uma espécie de raiz saindo do grão. Dias depois a raiz se torna um tipo de caule, dias depois uma pequenina folha e aos poucos o pezinho vai crescendo.
E cessa, uma vez que só a água e o algodão não fornecem mais energia ao pequeno pé de feijão, ele começa a definhar.
É o momento de colocá-lo na terra.
Na época foi o que eu fiz, minha mãe me ajudou nisso e ver o pé crescer se desenvolver foi algo muito legal, lembro que cresceu mais do que os pés de feijão nascidos direto da terra e que, na época de colher seus frutos ele tinha rendido bem mais também.
Engraçado. Hoje lembrei daquele pé de feijão. E dos pés de feijão em volta dele. E da minha vida.
Não tenho certeza agora se aquele pequeno pé de feijão foi o primeiro, faz tanto tempo, acho que houve outros, lembro que alguns, com muita água sufocavam. Outros, eram esquecidos, dia ou dois, e não iam além das primeiras fases. Uns poucos não germinavam, não germinavam por quê não germinavam, sei lá, não decolavam.
E os amores não são assim?
Em alguns preparamos o território e criamos a expectativa e eles não decolam, por quê simplesmente não eram pra ser. A semente parece bem, mas não é boa, não vai germinar. Em outros o excesso de zelo, como a água colocada em excesso, afoga, mata a semente.
Existem outros que vão sendo criados aos poucos, de bom dia, de carinho, de conhecer, como a pequena planta regada a conta gotas, que vai crescendo, a princípio despretenciosa, com cara de que não vai dar em nada e vai indo, devagar até virar planta, que vai precisar de mais do que água pra florescer e dar frutos.
E se o terreno for bom, a terra bem cuidada, sem ervas daninhas, ou pragas, esse relacionamento, ou planta, vai criar raízes cada vez mais fundas e vai crescer e dar frutos, vai cumprir o seu ciclo á perfeição.
Voltando, em torno do pé de feijão "científico", havia outros, sementes jogadas na terra, três ou quatro por vez, enterradas e regadas. Todos os dias também, no mesmo terreno fértil e sem pragas. E eles cresciam também.
Cumpriam seu ciclo de maneira mais dura, e davam bons frutos, mas em menor quantidade, ao contrário dos primeiros, que morriam por excesso de zelo, esses resistiam á falta dele, lutavam, seguiam em frente, mas sucumbiam ao tempo.
Eles pularam a "fase". Foram obrigados á isso e fizeram o melhor possível enquanto tiveram forças.
Já pulei as fases algumas vezes e cedo ou tarde o amor se foi.
Não sei se entendo de amores ou da vida, talvez conheça mais sobre feijões do que sobre a vida ou sobre as pessoas, mas sei o que sinto e o que eu quero.
E o que tiver de ser será, a seu momento, e um passo de cada vez.
Na verdade meu caro,ninguém entende a fundo os amores ou as pessoas, mas sempre sabemos a hora de deixar o nosso feijão crescer. Seja o feijão e deixe que alguém te regue com carinho e atenção.
ResponderExcluirApenas seja o feijão e não o agricultor...