quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O pé de feijão...

Quando era criança, lá pela terceira ou quarta série, plantamos um pé de feijão em um pequeno pote plástico.
Acho que todas as crianças do mundo devem fazer (ou faziam...) isso quando chegam por essa idade e todas ficam admiradas ao observar como a coisa funciona. Bom, talvez nem todas, mas eu fiquei.
A experiência é simples, você coloca o feijão no tal pote, coloca um pequeno pedaço de algodão junto e a cada dia vai lá e coloca um pouquinho só de água.
Não lembro ao certo quanto tempo isso leva, mas em uns poucos dias temos uma espécie de raiz saindo do grão. Dias depois a raiz se torna um tipo de caule, dias depois uma pequenina folha e aos poucos o pezinho vai crescendo.
E cessa, uma vez que só a água e o algodão não fornecem mais energia ao pequeno pé de feijão, ele começa a definhar.
É o momento de colocá-lo na terra.
Na época foi o que eu fiz, minha mãe me ajudou nisso e ver o pé crescer se desenvolver foi algo muito legal, lembro que cresceu mais do que os pés de feijão nascidos direto da terra e que, na época de colher seus frutos ele tinha rendido bem mais também.
Engraçado. Hoje lembrei daquele pé de feijão. E dos pés de feijão em volta dele. E da minha vida.
Não tenho certeza agora se aquele pequeno pé de feijão foi o primeiro, faz tanto tempo, acho que houve outros, lembro que alguns, com muita água sufocavam. Outros, eram esquecidos, dia ou dois, e não iam além das primeiras fases. Uns poucos não germinavam, não germinavam por quê não germinavam, sei lá, não decolavam.
E os amores não são assim?
Em alguns preparamos o território e criamos a expectativa e eles não decolam, por quê simplesmente não eram pra ser. A semente parece bem, mas não é boa, não vai germinar. Em outros o excesso de zelo, como a água colocada em excesso, afoga, mata a semente.
Existem outros que vão sendo criados aos poucos, de bom dia, de carinho, de conhecer, como a pequena planta regada a conta gotas, que vai crescendo, a princípio despretenciosa, com cara de que não vai dar em nada e vai indo, devagar até virar planta, que vai precisar de mais do que água pra florescer e dar frutos.
E se o terreno for bom, a terra bem cuidada, sem ervas daninhas, ou pragas, esse relacionamento, ou planta, vai criar raízes cada vez mais fundas e vai crescer e dar frutos, vai cumprir o seu ciclo á perfeição.
Voltando, em torno do pé de feijão "científico", havia outros, sementes jogadas na terra, três ou quatro por vez, enterradas e regadas. Todos os dias também, no mesmo terreno fértil e sem pragas. E eles cresciam também.
Cumpriam seu ciclo de maneira mais dura, e davam bons frutos, mas em menor quantidade, ao contrário dos primeiros, que morriam por excesso de zelo, esses resistiam á falta dele, lutavam, seguiam em frente, mas sucumbiam ao tempo.
Eles pularam a "fase". Foram obrigados á isso e fizeram o melhor possível enquanto tiveram forças.
Já pulei as fases algumas vezes e cedo ou tarde o amor se foi.
Não sei se entendo de amores ou da vida, talvez conheça mais sobre feijões do que sobre a vida ou sobre as pessoas, mas sei o que sinto e o que eu quero.
E o que tiver de ser será, a seu momento, e um passo de cada vez.

Um comentário:

  1. Na verdade meu caro,ninguém entende a fundo os amores ou as pessoas, mas sempre sabemos a hora de deixar o nosso feijão crescer. Seja o feijão e deixe que alguém te regue com carinho e atenção.
    Apenas seja o feijão e não o agricultor...

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