terça-feira, 26 de julho de 2011

Um certo carro branco...

Chevrolets são carros estranhos, parecem meio indecisos, macios demais,
meio mancos, a alavanca de marchas fica meio bamba, as vezes parece que você engata as marchas numa espécie de esponja, sem aquela certeza seca de uma marcha engatada como num Fusca,  por exemplo, metal com metal, engrenagem com engrenagem.
Também não tem aquela decisão no volante como um Gol quadrado, ou GTS Pointer, nem a suspensão parece tão certinha. Parece macia demais, mas tem carros mais macios, e as vezes o carro parece duro demais.
E tem os barulhos inexplicáveis também, nos acabamentos e na carroceria, as vezes.
Mas eu tenho um Chevrolet.
Que eu lembre, não foi um Chevrolet o primeiro carro que eu dirigi de verdade, mas foram os que mais dirigi, acho que já dirigi todos eles, pelo menos os que foram feitos até 2004.
Este é o terceiro, e não vai ser o último.
É um rapaz de meia idade, está com seus 14 anos agora, conservado, e domingo
chegou a seus primeiros cem mil quilometros.
Nos conhecemos quando ele já tinha vivido pouco mais da metade
dessa quilometragem e tivemos de nos adaptar um ao outro.
Eu me acostumando a seus defeitos e ele aos meus.
E ambos aprendemos novos truques, e topamos com um novo desafio a cada
esquina e nos divertimos á beça com a cara de alguns moleques mais jovens.
Mas acho que de todos os Chevys que tive, esse têm sido o que tem me
acompanhado nos momentos mais importantes e têm sido testemunha do meu
choro ou o meio usado pra colocar minha raiva pra fora.
E as vezes têm visto coisas boas, me levado rápido a todo e qualquer lugar e,
numa noite dessas, no seu vidro embaçado, alguém desenhou um coração...
Meu velho Chevy será trocado em breve, outro Chevrolet tomará seu lugar,
tão branco e tão estranho quanto, e ele fará alegria de outra pessoa, talvez
pelos próximos cem mil quilometros, ou até que seja chegada a hora de seu
merecido descanso.
Então, meu velho amigo, queria dizer obrigado.

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