segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em 1997...

Hoje vi caras sendo colocados contra a parede, guris, enfim, chamados á responsabilidade, e, quando cheguei em casa fui pegar as velhas fotos e lembrar um pouco de como eu era na idade deles. Que droga, as histórias velhas bateram na porta e resolveram entrar sem dar muita satisfação, sentaram no sofá, ligaram a tv e parecem decididas a me incomodar por vários dias.
E hoje ainda é segunda feira.
Em 1997 minha sala era a primeira em frente a biblioteca, não lembro o número da turma, terminava em "1" como todas as outras. Meu amigos ficavam na terceira sala, 221 e 223? Não lembro, enfim, lembro dela e lembro que era da terceira sala.
Ela não era bonita, não como as garotas á sua volta, ia para a aula com um jeans surrado e um moletom vermelho, usava um tênis velho, e as roupas folgadas não deixavam ter muita noção do seu corpo.
Tinha um amigo meu que era apaixonado por ela, um dia, meio bêbado, me enchi de coragem e fui tentar fazer o lado pra ele, meu Deus, como éramos primários, mas naquela época nem celular tínhamos e nossos trabalhos eram feitos na Biblioteca Pública, xerocados e entregues á mão.
Foi algo estranho, ela tinha olhos grandes por trás daqueles óculos que usava, olhos negros e um sorriso bonito, a despeito dos dentes que não eram perfeitamente alinhados, acho que esse era o grande charme.
Que merda, estava apaixonado.
Aos poucos fomos nos tornando amigos, lá pelas tantas eu ía na casa dela e andávamos juntos por aí. Ela falava inglês perfeitamente e traduzia umas músicas que eu gostava, gostávamos da Natalie Imbruglia e da Jewel, acho que só tem duas pessoas no mundo que gostam delas.
Caramba, ainda tenho essas traduções atiradas em algum canto, com a letra separada, bonita, e sempre com um desenho no canto da página.
E o encarte do cd da Jewel ainda tem a marca do batom dela.
Tempos depois ela me disse não, não lembro muio bem como aconteceu, sim, lembro, parei meu fusca na frente da casa dela, descemos, acho que estava abraçado nela e disse que para aquele dia ficar perfeito, só faltava um beijo.
Dias depois ela estava com um dos meus amigos, e depois ficou com outro, e o tempo passou. Eu fiquei para trás, toda aquela festa cobrou seu preço e, no ano seguinte, na formatura, não lembro como ela estava vestida, minha irmã e minha namorada se formaram naquele dia e vi ela, mas acho que não conversamos.
E nos anos seguintes nos vimos de vez em quando, em ocasiões esporádicas, nos encotramos na rua, em algumas festas, na UCS.
Numa certa época eu estava sozinho e tentei o velho telefone. Ela já tinha celular, eu ainda ia levar uns anos pra ter o meu, sentamos na grama em frente ao Centro de Convivência e ali falamos por horas.
E ela me disse não e, dessa vez, especificou muito bem o motivo.
Anos atrás, não lembro a quantos anos, vi uma moça repondo as mercadorias nas prateleiras de um mercado, ela usava uma blusa vermelha, como todas as outras, um jeans surrado e um tênis velho.
Na hora que vi ela me enchi de recordações e por uma brincadeira da vida, coisa de que não tem sorte, semana passada ela também me disse não...

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