domingo, 16 de janeiro de 2011

Histórias das Terras Devastadas...

- Há poucas pessoas por aqui hoje.
- É, muitos fugiram para as montanhas.
Sim, talvez os espertos tenham fugido, mas poucos continuavam na cidade, levando uma vida aparentemente normal, depois que a peste começou a perder força.
Muitos eram imunes, essa é a verdade, e passaram incógnitos enquanto os corpos se acumulavam nas sarjetas.
A praga surgiu forte, na forma de uma dor de cabeça infernal, uma cultura devastadora, a vítima ficava prostrada em poucas horas e, em dois dias, vinha a óbito.
Ninguém sabe direito o que a causou, provavelmente o ar envenenado.
A coisa começou com a morte de algumas aves de uma determinada espécie, nos Estados Unidos, sempre eles e, tempos depois os mais estranhos eventos começaram a se desencadear pelo mundo, multidões em fúria, atentados suicidas em escala nunca antes vista. Violência e morte.
E depois a dor.
Em poucas semanas, 1/3 da população estava extinta, sem escolhas, talvez a genética tenha selecionado as vítimas. Atacava a população de um determinado povoado e deixava a do próximo livre.
Ninguém sabe de nada, nas vítimas nada se encontrou, nada de sinais de intoxicação ou envenenamento, apenas os sintomas e o fim.
Não houve mais lugares para os caixões e, em muitos lugares, a fumaça dos crematórios escureceu os dias.
Minha escolha? Minha escolha foi sobreviver. Fui um dos "eleitos", imune, ajudei por um tempo no recomeço e acabei por voltar ao meu trabalho.
Naquele dia, apenas duas cozinheiras serviam as refeições e, dos quinhentos lugares do refeitório, menos de cem estavam ocupados naquele momento. A fábrica continuava a passos lentos, enquanto a mão de obra antes escassa, agora se tornava impossível. Equilibrava sua produção num mundo em que dois bilhões de pessoas havia desaparecido.
Não estou feliz, acho que isso foi apenas o começo...

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