terça-feira, 22 de maio de 2012

Viajando...

Parar e esperar.
Se você ficar em frente á Biblioteca Pública, encostado no pequeno muro, observando o vai e vem dos carros e as pessoas que passam apressadas, e parar pra pensar na sua realidade, verá que somos todas formigas malucas correndo atrás de realidades que não existem, que não se encaixam.
Por quê ali?
Por que é um lugar de calçadas estreitas e de uma luz estranha no final do dia, com um sol que tenta vencer a sombra dos prédios á volta e das poucas árvores que restam.
Há barracas na praça, vendendo artesanato. Pessoas pregando sua fé e velhos caras com suas flautas entoando músicas indígenas.
Mais ao fundo, onde antigamente um mendigo dormia, uma moça ataca as pessoas que passam oferecendo empréstimos financeiros de taxas baixas, enquanto ao seu lado, duas ou três pessoas anunciam os sorvetes de máquina.
Na rua as pessoas se lançam em frente aos carros, numa tentativa de atravessar a rua que já foi praça.
Cores, estilos, idades.
Um bando de gente maluca, moderna.
E tudo isso poderia acontecer num feudo de séculos atrás, no lugar dos carros as carroças, no lugar do banco, curandeiros e, do sorvete, carne fresca, peixe talvez.
As ciganas continuam por ali, volta e meia lendo a sorte, rápidas com o dinheiro dos outros, como á séculos.
Mas não podem ler minha sorte. Eu não tenho sorte pra ser lida.
Nos cantos, de olho, caras de mãos ligeiras, prontos pra levar uns trocados de quem se distrai. Flanelinhas fazem o papel dos moleques das estrebarias, que amarravam as montarias nos cantos.
As pessoas continuam a cuspir ao chão, mas não temos mais as velhas escarradeiras.
No centro da praça, a velha estátua poderia ser substituída por uma fogueira, por local de enforcamentos ou por um poste com as leis do reino.
O mundo gira, gira e volta sempre ao mesmo lugar. Uma idade de trevas com computadores...